sábado, 13 de outubro de 2007

BEIJO


Se roças assim, nos meus lábios,

os teus, ah... entreabro os meus..

e te beijo, e não me contenho os desejos.

Se numa suavidade, a tua língua,

apenas os contornas,

ah... não faça comigo assim,

num sofreguidão logo então me entonteces

e dou-te por inteiro os meus,

e numa loucura, te beijo num lampejo..

Enquanto tua boca... insinua,

a minha... em mordiscas te atiça...

Fingindo nada buscar,

distraídos e sorrindo,

entre lambidas aqui e ali,

nos amamos e é só assim,

brincando...

Tua boca e a minha,

num encaixe, perfeito.

Então te beijo e me beijas,

o rosto, a nuca, as costas,

chegando até... o meu umbiguinho.

ah ...e mais desces e mais

mesclas o beijo no mais doce paladar

desafiando em nós, um looongo arrepio!

Estes nossos beijos sempre assim, tão úmidos,

sugados, melados vivendo em nós,

um constante sabor de pecado,

só nos faz cada dia mais e mais...

Atados.


"Suzana Mendes"

FOME


Bem sabes que, neste mundo, todos tem fome:
fome de pão, fome de luz,
fome de paz, fome de amor.

Que me dizes, por exemplo, da fome de amor?
Que me dizes daquele que deseja que o queiram,
e passa pela vida, sem que minguém lhe
conceda uma migalha de carinho?

E o faminto de luz? Imagina a fome
de um pobre Espírito que anseia por conhecimentos
e se choca sempre contra o granito
que serve de pedestal à esfinge?

E a fome de paz que atormenta o peregrino inquieto,
forçado a sangrar os pés e o coração por ínvios caminhos?

Todos os homens têm fome, e todos nós estamos,
por isso, em condições de exercer a caridade.
Aprende, pois, a conhecer a fome do que te procura,
tomando sempre em consideração esta advertência:
com exceção da fome do pão, todas as demais se escpndem.
Quanto mais angustiosas, mais ocultas.


"Amado Nervo"